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Channel: Leituras de BD/ Reading Comics
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Animação: Jinxy Jenkins, Lucky Lou

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Uma deliciosa curta metragem!

Este foi o trabalho de Michelle Kwon e Michael Bidinger para a sua graduação final no Ringling College of Art and Design. Não sabendo disto é difícil acreditar que esta animação foi feita por dois estudantes!

São quase 4 minutos de "comédia romântica" em que o sempre azarado Jenkins encontra a monotonamente sortuda Lou, fazendo uma incrível viagem num carrinho de gelados.
Os pólos contrários atraem-se, certo?
:D





Vejam o filme em modo full screen, a qualidade do vídeo dá aumentar :)

Boas leituras

Capas Imaginárias: ...e se a DC criasse capas com heróis Marvel nos anos 60? (Ilustrações por Kerry Callen)

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Kerry Callen é um conhecido cartunista que adora brincar com os super-heróis da Golden Age, especialmente os da DC Comics. Alguns dos seus cartoons tornaram-se virais na internet  como aquele do " This a job for... (Crap! I´not wearing my costume)" com a Wonder Woman.






















Convido-vos a divertirem-se com o sentido de humor deste cartunista, desde capas imaginárias, a simples páginas em que ele próprio se diverte com os super-heróis da Golden Age.
No seu blogue podem ver muito mais:
http://kerrycallen.blogspot.pt/













































































Boas leituras

Anicomics 2015 - Lançamento Kingpin Books: Casulo (Entrevista a André Oliveira)

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O esperado livro que colecta várias histórias curtas de André Oliveira vai ser lançado durante o 6º Anicomics, já no próximo dia 11 de Abril.

Conta com a participação de muitos autores portugueses conhecidos e consagrados, assim como de outros menos conhecidos.
Fiquem com a informação da editora, algumas páginas e logo a seguir uma entrevista que fiz ao André Oliveira no âmbito do lançamento deste livro no Anicomics.

CASULO
Curtas de BD de André Oliveira com Vários Artistas

Um casulo é um espaço de transformação e experiência, uma espécie de tubo de ensaio que antevê resultados surpreendentes. Este não é excepção. Uma antologia de histórias curtas em banda desenhada, escritas pelo argumentista André Oliveira (Hawk, Tiras do Baralho!,Living Will) e ilustradas por 26 autores nacionais, publicadas mensalmente na revista CAIS e no site de BDaCalopsia.

Casulo sugere uma viagem por diversos temas e estilos literários e artísticos, dos universos mais pessoais e poéticos aos humorísticos. Uma edição Kingpin Books, com prefácio de Mário Freitas e arte de: Pedro Brito, Carlos Páscoa, Ricardo Venâncio, Ricardo Cabral, Pedro Cruz, Paula Almeida, Jorge Coelho, Ricardo Reis, Marta Teives, Ricardo Drumond, André Caetano, Susana Carvalhinhos, Inês Galo, Xico Santos, Pepedelrey, Sónia Oliveira, Joana Afonso, Pedro Potier, Sérgio Marques, Osvaldo Medina, António Silva, Ana Oliveira, Pedro Carvalho, Pedro Ribeiro Ferreira, Carla Rodrigues e Nuno Lourenço Rodrigues.

Lançamento este sábado, 11 de Abril, às 14h30, no auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, durante a 6ª edição do AniComics Lisboa.

Nota: O livro será publicado em capa dura, 64 páginas e custará 16,50 € (preço de lançamento 14,99 €).

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Entrevista a André Oliveira



Olá André!
Olá Nuno. ;)

Como surgiu este projecto “Casulo” na tua mente?

O nome Casulo já tinha sido antes utilizado por mim, tanto num blog que acabou por ser descontinuado como na “rubrica” que estas curtas de BD ocupam no site aCalopsia. Foi um nome que sempre associei a este projecto, talvez porque é um espaço que me permite testar e amadurecer ideias e colaborações, um ensaio de transformação e trabalho essencialmente. À medida que ia escrevendo e o conjunto de bandas desenhadas ia ganhando forma, fui-me apercebendo que podia ser algo mais do que uma sequência de peças singulares. De certa forma, acaba por ser uma representação interessante da minha forma de pensar e de um percurso que fui desenvolvendo ao longo dos últimos anos.

Quando se formou este projecto estavas a pensar que um dia iria ser publicado um livro colectando todas estas histórias?

Lembro-me que foi o Jorge Coelho a incentivar-me a criar um blog para ir colocando as bandas desenhadas que ia fazendo para a CAIS (isto além de as publicar na minha página pessoal). Julgo que isso foi determinante para começar a sentir o projecto como algo consistente e uniforme, que não tinha necessariamente de acabar com a revista. Depois, dada a minha relação próxima com editores, foi aparecendo algum interesse na publicação do livro e a ideia foi ganhando forma na minha cabeça. A dada altura, já a coisa só fazia sentido com este desfecho.

Visto teres trabalhado com 26 artistas diferentes para ilustrar as tuas histórias, como os escolheste? Já tinhas pensado qual era o desenhador exacto para cada história, ou simplesmente foste convidando até teres um desenhador para cada história numa escolha aleatória?

Eu faço sempre os convites mês a mês e só escrevo quando tenho o ilustrador confirmado. Gosto de criar com o estilo do autor em mente, porque isso também me permite estimular a minha criatividade num certo sentido e abordar um ou outro tema específico. Os convites variam, às vezes pessoas que estão muito próximas de mim e a quem posso chamar amigos, outras vezes autores que conheço menos bem mas que aprecio o trabalho. Posso dizer que os dois únicos factores de selecção são o meu gosto pessoal e se o ilustrador é ou não cumpridor (nunca falhei com o prazo de entrega, quem me conhece sabe que detesto fazê-lo e por isso só consigo contar com quem acredito que não vá falhar).

Como surgiu esta parceria com a revista Cais? (Para quem não sabe, a revista Cais é inspirada na revista inglesa The Big Issue, de intervenção social onde participam pessoas em situação de carência económica e social, como os denominados “sem abrigo”. Tem um custo de 2€ dos qual reverte 70% para o vendedor.)

A minha colaboração com a CAIS remonta à Trienal Movimento Desenho 2012 e à minha participação como comissário. Nessa altura, organizei o evento BD ao Forte, co-editei a Zona Desenha (foi a minha última) e passei a escrever mensalmente para a revista, assumindo o compromisso de editar um ilustrador diferente todos os meses (com algumas excepções dado que havia histórias que começavam num número e acabavam no seguinte, coisa que já não vou poder fazer por questões editoriais). A única iniciativa que continua desde essa fase é precisamente a colaboração com a CAIS, dado que entretanto deixei a Zona e desisti de fazer mais edições do BD ao Forte. É algo que faço com muitíssimo gosto, não só porque me permite contribuir para um projecto social que admiro e respeito, como não me deixa cair no marasmo como argumentista e criador.

Foi fácil trabalhar com tantos artistas diferentes, sabendo que cada um deles tem a sua personalidade e o seu estilo gráfico?

Fácil nunca é nem poderia ser. Mas, para o bem e para o mal, não faz parte da minha personalidade procurar o fácil em ocasião alguma. A minha cabeça, tal como a de todos, não pensa sempre da mesma maneira, não está sempre no mesmo comprimento de onda. Pela mesma ordem de ideias, as histórias que quero contar são todas diferentes e têm representações gráficas distintas. É também por isto que me recuso a desenhar os meus próprios argumentos (além de ser extraordinariamente incompetente, apesar de haver quem diga que não)... Sou muitíssimo limitado a desenhar e a imaginação não tem limites. Preciso de criar sempre de maneira diferente, com imagens, cores e formas variadas, mas isso leva-me a repensar-me e a reconstruir-me constantemente (isto embora haja um cunho próprio transversal).

Não conheço nenhuma história do livro, portanto esta pergunta pode ser a de outros. As histórias seguem uma linha coerente, ou são simplesmente histórias curtas sem ligação nenhuma entre elas?

Acho difícil que não conheças de todo, provavelmente já passaste os olhos por uma ou outra mas não tens presente. Digo isto porque tenho publicado as curtas online e muitos blogs e sites já partilharam algumas delas. No entanto, e para responder à tua pergunta, não existe nenhuma ligação. O único fio condutor, por assim dizer, sou mesmo eu e a minha criatividade (por isso aceitei que o meu nome e cara, embora distorcida, estivessem na capa do livro).
(Nota: Provavelmente conheço algumas histórias, mas não sei exactamente o que englobaste no livro... :D )

E a capa, quem desenhou a capa deste livro?

A autora da capa foi a Marta Teives (com quem fiz uma das curtas, dedicada ao meu avô) com edição do Mário Freitas. Aliás a ideia foi essencialmente do Mário e ambos acompanhámos o processo.

Já li que querias que este fosse o primeiro de vários “Casulo”, e que a tua intenção era de que fosse sempre com artistas diferentes. Não achas rapidamente vais esgotar o leque de desenhadores possíveis, visto que neste primeiro “Casulo” já estão 26. Para além disso não achas que haverá uma altura em que a qualidade poderá baixar devido a ficares futuramente sem escolhas?

Recentemente fiz uma lista de autores que ainda gostaria de convidar e posso dizer que nesse âmbito estou tranquilo. Há ainda muitas opções e a tendência é para que a lista aumente porque há sempre novos ilustradores a aparecer. Não tenho nem nunca tive problemas em trabalhar com autores mais novos, por isso julgo que ainda faltará muito tempo até ficar sem colaborações. De resto, eu tenho feito uma gestão nos convites, tenho falado com autores mais conhecidos e também com os emergentes. Só neste livro temos o Pedro Brito, a Joana Afonso, o Ricardo Cabral e o Jorge Coelho mas também temos o Nuno Lourenço Rodrigues, o Sérgio Marques, a Inês Galo e o António Silva. Enfim, essa gestão vai continuar e de qualquer maneira, como já disse, só consigo convidar quem considero talentoso. É sempre uma opinião pessoal mas é um critério, portanto se me deixarem continuar a fazer isto podemos contar com uma colecção consistente desde o primeiro volume.

Projectos para o futuro, já os tens a fermentar dentro da tua cabeça?

Mais do que fermentar na cabeça, está tudo à vista (ou pelo menos vai estar muito em breve). Não me vou alongar muito porque nem tudo está nas minhas mãos e às vezes dá asneira... Além disso há editoras envolvidas e não convém estar a falar antes de tempo, mas para já posso confirmar o Living Will 4 (desta fez com arte do Pedro Serpa que fará também o 6, a Joana fará o 5 e o 7), o Gentleman 1 (arte do Ricardo Reis), ambos da Ave Rara, para Beja. E o VIL – Fado do Assassino (arte do Xico Santos) pela Kingpin para a Amadora. Há mais, muito mais, mas vou falando aos poucos.

Como este teu livro vai ser lançado durante o 6ª Anicomics, pergunto… como sentes este evento?

É um evento pelo qual tenho carinho não só porque é organizado por gente trabalhadora, dedicada e amiga mas também porque é um sítio onde sempre fui bem tratado. A gratidão, na minha ideia é uma qualidade importante, e por isso estou sempre disponível para colaborar tanto com o Anicomics como com o Mário. No entanto, não sou propriamente o público-alvo e quanto mais o tempo passa, esse gap torna-se cada vez mais evidente. Mas é com gosto que tenho visto o festival crescer, ganhar protagonismo e entusiasmo, e só espero que isso continue. É cada vez mais um evento importante, de visita obrigatória.

Queres deixar alguma mensagem aos leitores do LBD?

Um abraço a todos e vemo-nos no Anicomics!


Obrigado André!
Obrigado eu. ;)




O Leituras de BD apoia e recomenda o Anicomics


Boas leituras

Lançamento Levoir: O Livro do Mr. Natural

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Eu admiro Robert Crumb. Daí este ser um dos livros que eu mais quero desta colecção!
Embora eu ache que este livro não é um romance gráfico, ou novela gráfica, achei importante que o tivessem incluído nesta colecção.

Fiquem com toda a informação da Levoir, e muitas páginas:




O LIVRO DO MR. NATURAL
Robert Crumb



Robert Crumb é um dos maiores nomes da banda desenhada americana, e um pioneiro do movimento dos comics alternativos e "underground". Alternativos por serem diferentes das revistas das editoras que dominavam o panorama dos comics de então, quase exclusivamente dedicadas aos super-heróis, e muitas vezes mesmo por serem auto-publicados. E "underground" pela escolha dos seus temas, muitas vezes subversivos e chocantes para a América da época, frequentemente criados sob a influência do LSD, e que obrigavam a que estas revistas fossem distribuídas por vezes de modo clandestino. Criador de personagens tão icónicas como Fritz the Cat ou Mr. Natural, Robert Crumb foi distinguido em 1999 com o Grande Prémio do Festival de Angoulême, e continua a ser um dos artistas de banda desenhada mais controversos da actualidade.

Nascido em 1943, Robert Crumb, para além de autor de banda desenhada, é também um talentoso músico, com uma predilecção particular pelo jazz e folk. O seu trabalho foi inicialmente publicado em várias revistas da época, a Help! (publicada pelo célebre Harvey Kurzman, que deu o seu nome aos famosos prémios profissionais de BD nos EUA, os Harveys), na Cavalier, em cujas páginas se estreou em 1967 a sua mais célebre criação, Fritz the Cat, e na revista Yarrowstalk, onde se estreou o Mr. Natural. Em 1968 lança a Zap Comix - cujos primeiros números foram impressos pelo célebre Charles Plymmell, poeta, escritor e artista gráfica da geração beat, que viveu na mesma casa com Allan Ginsberg, e que conviveu com alguns dos grandes desse movimento, como William Burroughs e Clay Wilson - publicada por Don Donahue, um editor (Apex Novelties) que foi praticamente o fundador do movimento underground comix. Muitas das mais icónicas personagens de Crumb foram criadas sob o efeito de LSD, que tomou regularmente durante os últimos anos da década de 1960.

O primeiro número da Zap foi vendido pelas ruas de São Francisco pelo próprio Crumb, e pela sua mulher Dana, com o stock empilhado dentro do carrinho de bebé desta última!  A revista viria mais tarde a acolher muitos outros artistas da cena underground, como Spain Rodriguez, Rick Griffin ou Gilbert Shelton, para citar apenas alguns. A revista trazia na capa do primeiro número a menção "Fair Warning: For Adult Intellectuals Only", uma etiqueta que se poderia aplicar a muito do trabalho de Crumb ao longo dos anos. Como curiosidade, podemos também referir que os dezasseis números da revista, editados ao longo de muitos anos (a sua periodicidade era notoriamente irregular...), venderam muitos milhões de exemplares no total.

Depois da fase dos underground comix, Crumb evoluiu para comics mais auto-biográficos - mas nem por isso menos controversos, e que lhe valeram inúmeras acusações, de misógino e pervertido sexual, até racista, por causa da maneira como muitas vezes representava as mulheres e os afro-americanos nas suas histórias  geralmente publicadas numa revista nova que lançou em 1981, e que durou até 1993, chamada Weirdo. A evolução de Crumb era visível, esta revista foi fundada após uma sessão intensa de meditação (e não de LSD!), inspirada por uma tendência mais punk, mas nunca atingiu a popularidade que a Zap tinha atingido.

Ao longo dos anos, Crumb notabilizou-se por muitos outros trabalhos e controvérsias. Ilustrou muitos dos números de American Splendor, de Harvey Pekar, foi objecto de um documentário em 1994, realizado por Terry Zwigoff (um documentário que ganhou o Festival de Sundance, foi aclamado universalmente como um dos melhores documentários daquele ano, e que fez com que a Academia redefinisse o processo de nomeação de documentários, tal foi a indignação por Crumb não ter ganho o Oscar). Crumb instalou-se desde 1991 numa pequena aldeia do Sul de França, onde vive desde então quase como um eremita. Criou uma versão do Livro do Génesis em banda desenhada em 2009, e mais recentemente voltou a surgir no centro das atenções com o cartoon que ilustrou por ocasião dos atentados do Charlie Hébdo em Paris.

Robert Crumb ganhou inúmeros prémios ao longo da vida: em 1991 entrou para Will Eisner Comic Book Hall of Fame, e em 1999 ganhou o Grande Prémio do Festival de Angoulême. 

O Mr. Natural foi uma das primeiras personagens recorrentes que Crumb criou, e uma das mais... "mistificantes"! Mas quem é o Mr. Natural? Guru místico que renunciou ao mundo moderno e artificial, charlatão que explora a ingenuidade dos seus seguidores, ou sábio com poderes paranormais, uma honestidade desarmante e... uma paixão pela mulheres? Com esta personagem, Crumb vai satirizar de modo feroz, quer a contra-cultura dos anos 1960, quer a modernidade consumista e superficial.



























Nesta antologia do célebre guru, os leitores portugueses poderão descobrir algumas das mais icónicas histórias da personagem, publicadas em várias épocas. Entre elas, podemos assinalar algumas que são particularmente relevantes. Assim, "Mr. Natural encontra-se com Deus" (e a sua segunda parte, "Mr. Natural leva um pontapé no cu"!), em que é expulso do Céu (e perseguido por Deus depois) por dizer que "o Céu é piroso"é uma das mais conhecidas e divertidas histórias do místico maluco. Poderemos também ler a "Origem do Mr. Natural", perdão, de Fred Natural, uma divertida biografia que Crumb escreveu para o número 1 da revista Mr. Natural. Chamamos a atenção também para uma das mais escandalosas (e controversas) histórias que Crumb escreveu, a que envolve Mr. Natural com a famosa Big Baby, a Bebé Grande, que prova que mesmo os gurus mais adoráveis podem ser ambíguos e complexos, sobretudo quando expressam as divagações e repressões do seu autor.



























Para retomar as palavras do crítico Craig Hill, "Mr. Natural representa o superego, o melhor da natureza humana - independência e autoconfiança, compaixão, um sentido do eterno  e da universalidade. No entanto, os acontecimentos desta história ["Mr. Natural em A Vadiar... de Novo!"], mostram que é óbvio que ele é tão vulnerável aos excessos do id como qualquer outra pessoa. Como personagem notável e complexa de banda desenhada, Mr. Natural fará com que os leitores se sintam divertidos ou envergonhados - ou ambos ao mesmo tempo - durante gerações." E a própria capa deste comic, que é reproduzida neste volume, endereça essas preocupações do autor com a ilustração de Mr. Natural e da Bebé Grande a dançar, enquanto a legenda proclama, "Não se preocupem! Acreditem ou não, ela tem mais de dezoito anos!", numa história que na altura deixou muitos dos leitores de Crumb espantados e chocados.



E finalmente, o leitor poderá ler uma das mais longas e "sérias" histórias de Mr. Natural, em que o próprio autor aparece para justificar o facto de a sua personagem ser exilada para um hospício (mandada internar por um dos seus mais antigos seguidores, Flakey Foont, que representa também em certa medida o próprio Robert Crumb), num verdadeiro discurso fúnebre que marca também a evolução do próprio autor. Saindo da sua fase psicadélica, Crumb enveredaria por outros caminhos na BD, e parece ter querido "enterrar" esta sua criação de uma maneira óbvia. Nunca o fez definitivamente, Mr. Natural ressurgiria em histórias posteriores (incluindo no célebre ciclo da Devil Girl, cujos materiais não estavam disponíveis para integrar esta antologia), mas ficou algum desencantamento de Crumb pela via pela qual o mundo moderno parecia estar a enveredar, pela desaparição dos espaços naturais, dos pequenos negócios e bandas de música locais. Mr. Natural sempre representou um ideal muito individualista e de auto-suficiência, mas não do tipo que identifica o sucesso com a acumulação de riquezas, poder, status, bens materiais e destruição da Natureza.



























Por mera curiosidade, podemos referir que existe um Mr. Natural REAL! Este indivíduo, ele próprio um membro proeminente da contra-cultura dos anos 60, afirma ter sido uma das inspirações para a personagem, e mudou legalmente o seu nome para Mr. Natural, com autorização do próprio Crumb. Ainda hoje vive em São Francisco, onde ensina música (www.mrnatural.net). E que guru místico não se viu envolvido num escândalo de pornografia? Pois fiquem a saber que Mr. Natural foi estrela de um filmo porno (não-autorizado!) chamado Up in Flames, onde contracenou com os Fabulous Furry Freak Brothers (estes últimos também personagens de BD famosos criados por Gilbert Shelton).
Poderão ver aqui uma série de podcasts com Robert Crumb, pesquisando por este título: 
John's Old Time Radio Show with Robert Crumb

E uma série de ilustrações da sua mais recente obra, O Livro do Génesis: 
http://www.nytimes.com/slideshow/2009/10/18/arts/20091018-SALK_index.html 

E o Mr. Natural foi para o museu, como tema, não como visitante, como poderão ver neste artigo do New York Times: 
Mr. Natural Goes to the Museum

http://www.nytimes.com/2008/09/05/arts/design/05crum 

O Livro do Mr. Natural 
Formato: 21 x 27cm, capa dura, 128 pgs, preto e branco.

Boas leituras

Capas: Lobo's Backs Back

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Sim, esta foi a capa de Glenn Fabry para o TPB e para a revista #1 de Lobo's Backs Back de 1992. Mas...
Mas claro que a imagem é forte demais para os nossos amigos dos EUA e então podem ver a capa oficial da DC Comics aqui por baixo.

De qualquer modo como aqui pela Europa não temos problemas em mostrar as "nalgas" de ninguém, os alemães mostraram as "nalgas" do Lobo em todo o seu esplendor (lol) na sua edição, que podem ver aqui do lado direito!
:D

O único Czarniano vivo (matou todos os outros), sádico de eleição e considerado o maior caçador de prémios do Universo conhecido, foi morto. E morto novamente. E outra vez... Mas recusa-se tanto a entrar no Céu como no Inferno! Assim vai reencarnado nas formas mais díspares, como num esquilo ou numa mulher. Mas sempre em missão... :D








Boas leituras

Anicomics 2015: Workshop Underneath The Costume - Entrevista a Miah (Maria João Forte)

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Como é tradição no Anicomics, haverá vários workshops e alguns relativos a Cosplay. Houve um que me chamou a atenção por não ser vulgar, este Underneath The Costume.


Um workshop gratuito em que se poderá aprender sobre aquilo que não é visível aos olhos de quem vê um Cosplay, mas disto falará Maria João Forte na entrevista em baixo.

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Entrevista à cosplayer Miah

Olá Maria João
Quando te começaste a interessar por Cosplay?

Comecei a interessar-me por Cosplay em 2006 quando fui ao meu primeiro evento de Anime e vi pela primeira vez Cosplay ao vivo. O meu primeiro Cosplay foi depois em 2007 no Photoshoot. Já estou cá há uns anos!

Vais dar um workshop designado como “Underneath The Costume”. Podes explicar do que se trata?

É um workshop fora do comum que trata um tema menos discutido no Cosplay, mas que é essencial para a caracterização da personagem. Como podemos fingir ter um corpo de desenho animado e o que podemos fazer para estar mais confortáveis com os nossos fatos que normalmente são um martírio para o corpo.


E o que é que podemos esperar aprender nessa tua aula?

Na minha aula vou ensinar aos cosplayers alguns truques e ilusões que podemos fazer para nos tornarmos mais parecidos às nossas personagens favoritas, desde corpetes, a saiotes, binders, shapers, e não só! Como já referi também vou aconselhar aos cosplayers métodos para estarem mais confortáveis a fazer Cosplay, especialmente em situações que usamos os fatos durante muitas horas, como é exemplo o evento Anicomics. Basicamente falar do que se esconde por detrás da máscara.

Quais são os principais cuidados a ter para garantir que toda a preparação de que vais falar vai resultar?

Esta será a minha primeira vez a dar um workshop. O meu método para não me esquecer de nada é criar uma apresentação detalhada com imagens e algum texto para servir como auxiliar de memória. Irei também levar algumas peças e exemplos físicos para os cosplayers analisarem com proximidade.

Agora perguntas mais gerais… Qual foi a personagem da qual fizeste Cosplay que mais gostaste do resultado final?

O meu Cosplay favorito até agora é um fato mais antigo, de 2012 da bruxa Virgilia de Umineko no Naku Koro ni. Talvez não seja o meu melhor fato, mas é o que tem maior valor sentimental. Foi o meu primeiro projecto grande e em que trabalhei quase sempre sozinha, levando praticamente um ano a acabar por falta de experiência e falta de ferramentas. Foi onde aprendi mais sem dúvida, muita tentativa e erro.

Porque achas que em Portugal a maioria dos cosplayers prefere as personagens de Manga ou Anime em detrimento das personagens de Comics?

É uma boa pergunta.

Eu sei porque é que pessoalmente escolho mais fatos de Anime/Manga e menos fatos de Comics, é um meio de entretenimento com que sempre me identifiquei desde muito nova pelo estilo e pelas histórias incomuns que não se vê tanto em filmes/séries/comics. Também prefiro o método de narrativa, que ao contrário dos Comics têm histórias mais curtas e limitadas, com finais certos onde não tenho de investir tanto do meu tempo para conhecer a história e o universo. Mas eu não sei se o meu caso é regra, até porque fujo de mangas/animes que têm mais de 20 volumes/60 episódios. A minha motivação é mais essa, conhecer vários universos, histórias, personagens…, não me quero fixar num estilo ou história durante vários anos e posso adaptar o anime que estou a ver ao meu humor e estado de espírito.

Mas para defender um bocado os Comics, acho que as personagens de Comics são normalmente muito mais complexas e realistas, com muito mais dimensão, até porque têm mais tempo para ser desenvolvidas dando-lhes mais nuances. São mais interessantes do que as personagens de anime, mais humanas.

Se calhar estão em desvantagem porque ou são mais sérias e adultas, ou porque precisam de mais investimento para conhecer bem, ou têm menos variedade de fatos seguindo um estilo parecido (os super heróis e vilões) que também é necessária maior “body confidence”. No caso de anime/manga há personagens e roupas para todos os gostos, é mais fácil apelar a mais pessoas tendo tantos estilos e características por onde escolher.

Apesar de estar inclinada para Cosplay de personagens de Anime irei fazer Cosplay de Comics em breve, de Silk Spectre de Before Watchmen. Se calhar não é um bom exemplo porque Watchmen tem também um início e um fim mais definido.

Queres deixar uma mensagem aos leitores deste artigo?

Venham visitar-me ao Anicomics! E não tenham medo de fazer Cosplay seja qual for a vossa habilidade. O importante é a diversão e o espírito.

Obrigado Maria João!

A Maria João, Miah no mundo do Cosplay, dará este workshop no Sábado, das 11h30 às 13h30, na Sala Multiusos, Piso 0 da Biblioteca.

A Miah também tem uma página no Facebook chamada " Miah's Costumes" a que podem aceder (e fazer um Like) no link:
https://www.facebook.com/MiahCostumes?fref=ts

Para qualquer dúvida relativa ao programa podem consultar o site do evento em:
http://kingpinbooks.net/AniComics2015/index.html 
ou no Facebook:
https://www.facebook.com/events/697888453660164/


Já sabem, este popular evento de Lisboa irá ter início já este Sábado, prolongando-se por Domingo.








O Leituras de BD apoia e recomenda o Anicomics

Boas leituras

Lançamento Devir: All you Need is Kill

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A Devir prepara-se para publicar em português o 1º volume do Manga All You Nedd Is Kill, estando a distribuição prevista para o início de Maio.


É um díptico (dois volumes) baseados no romance de ficção-científica do escritor Hiroshi Sakurazaka. Este livro foi adaptado para Manga por Ryōsuke Takeuchi com desenhos de Takeshi Obata, e publicada inicialmente no magazine Weekly Young Jump da Shueisha no primeiro semestre de 2014. Nesse ano saiu também a adaptação cinematográfica da obra de Hiroshi Sakurazaka com o título Edge of Tomorrow (No Limite do Amanhã), protagonizado por Tom Cruise e Emily Blunt.



A história é contada pelo recruta Keiji Kiriya, que luta contra extra-terrestres em defesa da Terra. Depois de eliminar um alien acaba por morrer também, mas um estranho fenómeno acontece e fica preso num time loop em que o desfecho acaba sempre com a sua morte.
Keiji ressuscita sempre um dia antes da sua morte,conseguindo sempre ir aprimorando a sua técnica de combate de modo e evitar o destino fatal. Conseguirá Keiji evitar este final trágico?


Uma boa aposta da Devir! É uma obra recente de apenas dois volumes, mas que não será totalmente desconhecida do público devido à visibilidade dada pelo filme baseado no mesmo romance de FC.
E claro, Takeshi Obata já é conhecido pelos leitores portugueses pela obra Death Note, publicada em português também pela Devir. Obata tem outra obra bastante conhecida: Bakuman.




























Boas leituras


Anicomics 2015: Destaques para hoje (dia 11 de Abril)

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Hoje é o primeiro dia do Anicomics, e estes são os meus destaques:

  • 14h30 Lançamento do álbum “Casulo”, com o argumentista André Oliveira e vários artistas.
  • 15h00 Antevisão do ano editorial da Kingpin Books, com a apresentação dos livros:
Vil: Fado do Assassino (André Oliveira/Xico Santos)
Kong The King (Osvaldo Medina)
Fósseis das Almas Belas (Mário Freitas/Sérgio Marques)
Solomon: Deluxe Edition (Carlos Pedro)
  • 16h00 Actuação das BB5 (Dança J-Pop)
  • 16h30 1ª Meia-Final do Concurso de Cosplay
  • 17h45 Actuação das Mirai No Yume (Dança J-Pop)
  • 18h00 2ª Meia-Final do Concurso de Cosplay
Como já é tradição Mário Freitas, editor da Kingpin Books e organizador deste evento, aproveita para apresentar o ano editorial da Kingpin no palco privilegiado do excelente auditório da biblioteca Orlando Ribeiro, local onde foram feitos as anteriores cinco edições do Anicomics.

Em relação ao lançamento do livro Casulo e André Oliveira (e 26 artistas) convido-vos a ler a entrevista que lhe fiz dias atrás, assim como a entrevista a Osvaldo Medina relativa a seu livro Kong da King. Podem ler estes dois artigos neste dois links:
Lançamento Kingpin Books: Casulo (Entrevista a André Oliveira) 
Anicomics 2015: Entrevista a Osvaldo Medina

Irão ter também as duas meias-finais do concurso de Cosplay, assim como muita animação criada pelos dois grupos de dança (BB5 e Miray no Yume).
A parte comercial também tem um aumento este ano havendo para além da banca da Kingpin Books  a presença pela primeira vez de outra loja neste evento: Casa da BD

O link oficial do evento onde poderão ver toda a programação é este:
Anicomics 2015

O Leituras de BD apoia e recomenda o Anicomics

Boas leituras e comprem um livro no festival!

Anicomics 2015: Sábado

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Iniciou-se hoje mais um Anicomics, e na realidade espera-se sempre casa cheia o que aconteceu mais uma vez! Sempre muita gente, e arrisco a dizer que sempre cada vez mais gente.

O público alvo está definido, e acorre sempre em número. Garantidamente o Mário Freitas está cada vez mais experiente na organização do seu evento fidelizando o público mais jovem, dando-lhe o que eles querem e fazendo do Anicomics um evento de sucesso comercial.

Posso sempre dar este evento como um exemplo de organização. Um orçamento apertado, em que não existe lugar para a falha, consegue trazer muito público fazendo da Biblioteca Orlando Ribeiro um local por vezes claustrofóbico. A ideia de colocar ecrãs e colunas de som no exterior do auditório em vários locais chave da biblioteca ajuda a dispersar o público que não consegue entrar no auditório, de maneira a que também possam assistir aos shows que lá se passam.

As apresentações, lançamentos e antevisões não são chatas, são conversas interessantes e com uma boa cadência, por norma moderadas pelo próprio Mário Freitas, ao contrário de outras noutros eventos que conseguem pôr a dormir uma pessoa hiperactiva...

Quanto ao resto, sala de jogos cheia, auditório "à pinha" (claro), corredores cheios, átrio cheio, e felizmente muita gente decidiu ir entrando e saindo para o exterior (o dia era de Sol) fazendo com que se pudesse circular razoavelmente bem no interior

A exposição de BD nunca tem muita visibilidade, a sala é pequena e não dá para grandes "invenções", mas tínhamos lá belas pranchas de banda desenhada de autores portugueses.
A nota dissonante para a boa organização foi a sessão de autógrafos. Três vezes tentei ir à sala onde iriam ser dados os autógrafos e três vezes a hora tinha sido adiada, fazendo com que me tenha ido embora sem o meu sketch no livro "Casulo" do André Oliveira.

A animação, a cor e a alegria foi a mesma das edições anteriores, sendo esta uma imagem de marca deste Anicomics. É um prazer ser parceiro deste evento na vertente da divulgação.
:)

Fiquem com algumas fotos deste Sábado!


























































































































































































































































Amanhã terão muitas mais fotos, se tudo correr bem!
:)

Boas leituras e comprem um livro de BD!

Anicomics 2015: Domingo (Parte 1)

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Hoje vou colocar algumas fotos tiradas durante a tarde. Não vou fazer post completo, pois tenho muitas fotos e não vou conseguir tratar tudo hoje para além disso, fui atacado por um bicho que se me agarrou à cara e agora estou a ficar com dor de barriga...
:D

Amanhã coloco o resto das fotos num segundo post sobre o dia de hoje! ;)













































































Como podem ver um soldado deu cabo de um bicho igual aquele que me tinha saltou para a cara... deve ser uma praga!
:P

Boas leituras

Anicomics 2015: Domingo (Parte 2)

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Post final sobre este Anicomics 2015.
Como já tinha dito no post de Sábado, esteve muita gente no evento, embora o organizador Mário Freitas já tenha dito que teve menos público que no ano passado.

A minha opinião é a de que o Anicomics para crescer tem de mudar para um espaço maior, já o tenho dito publicamente e particularmente ao Mário Freitas. Isto por todas as razões! O único contra que vejo numa mudança de instalações será mesmo o conforto do bom auditório da biblioteca, e claro, custos...

Houve uns pequenos problemas com o som durante duas ou três actuações, mas nada de grave, acaba por ser uma situação quase normal num dia inteiro de actuações em palco.
Assisti ao painel de dobradores portugueses, e acabei por me sentir agarrado pelas histórias que contavam durante as gravações! Aliás, eles conseguiram agarrar a plateia toda, muita gente a pedir autógrafos no final.

A seguir uma boa discussão aflorando a cultura pop, tendo como partida os Funko Pops, acabando no cinema.
Depois foi música, dança, eliminatórias de Euro-cosplay, final do concurso de Cosplay do Anicomics e finalmente mais cosplay com um excelente skit (acho que é assim que se diz) com base nos X-Men. Parabéns a quem fazia de Mystique, fez um excelente papel!!

Um fim de semana bem passado. E agora fiquem com muitas fotos, e também um filme de 11 minutos onde descarreguei todas as fotos  que tirei (foram muitas). :D

Para o ano espero que o Mário surpreenda, e faça crescer ainda mais o Anicomics!


















































































































































































Filme Anicomics 2015




Lone Wolf and Cub: Parte II - Obra

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A primeira  parte deste artigo sobre a obra Lone Wolf and the Cub está neste link:
Lone Wolf and Cub: Parte I - Introdução

Aqui, em Portugal, comecei a seguir a obra Lone Wolf and Cub através da edição importada da Dark Horse, dividida em 28 volumes, 142 capítulos, de uma violência que se sublima num trabalho de rara mestria, tanto artístico quanto poético. O formato de livro, parecido com o formato japonês, tinha uns meros 15mm x 10mm e, para quem, como eu, que estava habituado à escala do formato europeu, ou do formato dos comics americanos, confesso «custava-me a leitura». No entanto, não me impediu de ficar fascinado.



























A verdade é que a primeira edição de Lone Wolf and Cub data de 1970 no Japão e, de lá para cá, a obra tem-se mantido assim, imune à desvalorização que o tempo opera, por vezes, sobre determinados trabalhos (daí dizerem-se "datados"), Lone Wolf and Cub não é "datado". Aliás, não me resta a mínima dúvida, Lone Wolf and Cub ganhou um pedaço de imortalidade, característica comum às grandes peças de arte.

Nos Estados Unidos, a primeira edição traduzida para a língua inglesa dá-se pelas mãos da First Comics, que o publicava em pequenos volumes que continham entre 64 a 128 páginas, a arte das capas foi sendo feita por artistas americanos, de maior ou menor renome: Frank Miller; Bill Sienkiewicz; Matt Wagner; Mike Ploog; e Ray Lago. Ora, com o encerramento da First Comics, Lone Wolf and Cub ficava por ser editado na totalidade, pelo que, a Dark Horse, veio recuperar (no formato que me chegou mais tarde às minhas mãos) e concluir o trabalho de edição da obra: o 28º volume seria lançado a Dezembro de 2002.

A obra consegue sobreviver por si só, capítulo a capítulo, como sendo uma história única, um episódio, ou então, como um todo coerente, a trama. Quer dizer, se eu pegar num volume ao acaso, em nada se perde começar a ler um capítulo qualquer «nem que seja, para abrir o apetite». Para quem não conhece a obra, aconselho a fazer isso mesmo. Há determinados aspectos no tema e na arte que devem ser realçados aqui, em Lone Wolf and Cub, na minha opinião são, fundamentalmente, três: a violência; a sexualidade; e a espiritualidade. Sigo com uma breve reflexão sobre os mesmos. Começo pelo primeiro.

Da violência. O aspecto que, porventura, primeiro nos capta a atenção são as suas sequências gráficas de uma violência quase soberba, quase bela: um fenómeno inquietante. Lone Wolf (pai) calcorreia as estradas da Japão feudal imaginada, no período Edo, transportando num carrinho de mão Cub (o filho). Nele se apregoa, escrito numa bandeira "son for hire, sword for hire, suiō school, Ittō Ogami" ou seja "aluga-se filho, aluga-se espada, escola suiō, Ittō Ogami". E essa imagem, que abre a obra (Vol.1 Cap.1), assim como a imagem final, que é a da dupla que, passada a provação (decorrente do ofício que é a do assassino a contrato) segue em direcção ao sol poente, fica-nos na memória: quase que parece uma versão mais séria de um Lucky Luke de Morris. Há, sim, algures, um paralelismo entre a Japão feudal e o faroeste americano que vos deixo à imaginação.

As sequências de batalha são quase cinematográficas: tão bem nos descreve o desenho que quase as conseguimos visualizar. O resultado vai sendo, invariavelmente, o mesmo, os protagonistas saem vencedores, mais ou menos incólumes. Ogami Ittō (Lone Wolf) é um homem com uma missão (de vingança), e ao percorrer esse caminho, o caminho do assassino, vai deixando um rasto de destruição, e de mortos, atrás de si e do seu filho. Depois, vai-nos sendo apresentada toda uma parafernália de armas, técnicas e estratégias, em situações únicas de combate, movimentos fluidos e graciosos, e muito sangue.

A espada de Ogami Ittō, a dotanuki, é uma arma pesada e robusta do género da katana (curva e com, aproximadamente, 60cm de comprimento) e é inspirada, possivelmente, numa conhecida escola de mestres ferreiros da altura. Mas, a verdade, é que ao longo da série os autores não se coíbem de explorar a eficácia de outro género de armas que não somente a tradicional espada. É o caso das armas de fogo (Vol.5 Cap.28) introduzidas pelos portugueses no Japão, ou vários outros tipos de lanças, ou outras formas mais ou menos criativas de armas, algumas mesmo inspiradas em ferramentas agrícolas.

É-nos apresentada a técnica ex-líbris do protagonista "o golpe suiō, talhar a onda", em "O caminho branco por entre os rios" (Vol.3 Cap.17) aí, Bizen, um dos descendentes de Yagiū Retsudō (arqui-inimigo de Ogami Ittō), é derrotado, morre. Ou, a técnica de supressão das emoções "as cinco rodas dos Yagiū", técnica que se acaba por revelar, para o utilizador, mais que tudo, como «as cinco rodas do sofrimento» (Vol.15 Cap.76). E, por fim, tendo em vista atingir os fins propostos (contrato de assassino), Ogami Ittō usa-se de estratégias de combate baseadas, por exemplo, na "Arte da guerra" de Sun Tzu, para derrotar o adversário, como o é em "O soldado é o castelo" (Vol.6 Cap.32).

Antes de terminar este ponto queria apenas deixar um texto que me reflecte o espanto, no lirismo que se associa à violência em Lone Wolf and Cub, em "A flauta do tigre caído" (Vol.3 Cap.15), na hora da sua morte um dos irmãos Bentenrai: "O meu pescoço... Soa... Como um assobio / Digno do carrasco do Shōgun... O meu sangue jorra... Do corte diagonal no pescoço / Como o vento de encontro às árvores nuas / Chamam-lhe... Mogaribue... Flauta do tigre caído... Sonhei ser capaz de fazer um corte que cantasse / E agora... Ouço-o em mim... Irónico..."

Da sexualidade. Aviso à navegação, em Lone Wolf and Cub há pouco pudor pelo que se aconselha, à boa maneira americana "viewer discretion". E o pudor que há, é um pudor bem sensível e compreensível, o pai resguarda sempre o filho a assistir a cenas menos apropriadas. E essas cenas, mais ou menos sugeridas, em certas ocasiões, conseguem atingir um grau bem elevado de gore.

Esse à vontade com a sexualidade reflecte-se numa constatação bem simples: na história, tanto há homens como há mulheres; e são diferentes, sim, têm formas distintas de agir ou de se representar, papeis diferenciados mas, ambos, são tratados com respeito, tanto nas suas vertentes "más" como nas suas vertentes "boas".

Kazuo Koike, argumentista, mostra-se exímio na arte de representar tanto a persona masculina quanto a feminina, por vezes é ela que está em primeiro plano, como em "a pousada do último crisântemo" (Vol.7 Cap.37) uma mulher aguarda pacientemente o dia da sua vingança enquanto trabalha numa pousada. Esta facilidade com que o argumentista tem em desenvolver as personagens de forma a torná-las única (nos seus modos de pensar, agir e ser), como todos nós somos, é também um dos pontos críticos a favor da genialidade da obra.
























 


Essa capacidade de surpreender, de trabalhar outras profundidades à alma dos personagens, é levada ao seu expoente em "Fortuna, fado" (Vol.20 Cap.98) com a apresentação de Abe Tanoshi. A par de Ogami Ittō, Ogami Daigorō (Cub), e Yagiū Retsudō, Abe Tanoshi é das personagens melhor desenvolvidas em Lone Wolf and Cub. Representa o inverso, Abe Tanoshi é o provador oficial do Shōgun, mestre envenenador, representa a ganância. E é, sim, incrível a forma como a narrativa nos obriga a aproximar de uma personagem que, à partida é "repugnante", para se resolver de uma forma mais ou menos expectável que não revelo, é claro.

Da espiritualidade. A mim, a primeira coisa que me salta à vista depois de lida e relida a obra é o uso e recurso ao número como figura, não só de estilo, mas também de significado "numerologia, se quiserem", que imprime consistência ao enredo. E, esse aspecto, quer se queira quer não, dá-lhe força. Dá-lhe ritmo, também. E música. Ora, veja-se, em "Eco do assassino" (Vol.09 Cap.47) Ogami Daigorō aprende a contar até 10 enquanto está no banho com o pai, o artista preenche cinco pranchas com esse simples exercício. É música. Ou, em "À espera das chuvas" (Vol.01 Cap.06) Ogami Daigorō canta até à exaustão "Senhor figo / Senhora cenoura / Pimenta, cogumelo / Bardana e cevada / Lah la la lah / As sete flores da primavera, as enguias / Pepino, doce milho/ Lah la la lah". Música.

Sim, a um olhar mais atento, não deixa de faltar à obra uma componente mais espiritual, mágica, ou mesmo religiosa, se quiserem. A componente musical tem um "quê!" de transcendente. Sim. Depois, as referências à tradição budista são constantes, às raízes do código de conduta, do guerreiro, "Bushido", ou outros, o código de conduta do assassino. Nem lhe falta, sequer, uma referência à introdução do cristianismo no Japão e ao Kirishitan-Gari"perseguição aos cristãos" em "O dia dos demónios" (Vol.14 Cap.72).

Jizō, ou Ksitigarbha, é uma das divindades mais veneradas no Japão, Jizō é um Boddhisattva. E, segundo a tradição budista, Boddhisattva é um ser iluminado que, motivado por uma infinita compaixão, atingiu o estado de Buda. Jizō é, também, o senhor dos seis caminhos. E, Ogami Ittō e Ogami Daigorō vivem no cruzamento desses seis caminhos (e das quatro vidas) com o inferno budista (Rikudō Shishō, ou Naraka) guardado pelo demónio cabeça de boi Gozu e pelo demónio cabeça de cavalo Mezu (Vol.14 Cap.71). O símbolo desses demónios é o talismã que convoca os clientes do assassino, Ogami Ittō. No cruzamento dos seis caminhos (e das quatro vidas), Ogami Ittō atinge a perfeição, e esse estado de iluminação, autoriza-o "quando encontrares o Buda, mata-o" (Vol.02 Cap.13).




Mais não digo. Leiam.

(Continua...)



Lançamento Goody: Revista Cartoon Network #1

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O popular canal de TV por cabo para crianças Cartoon Network, pertencente à Turner Broadcasting System, foi criando desde o seu nascimento oficial em 1992 um público sempre crescente, que se cifra agora à volta dos 96 milhões de assinantes do canal. Neste momento pertence a uma divisão da Time Warner.

Mas o desenvolvimento deste canal de animação infanto-juvenil começou mais cedo com a aquisição de:
  • Looney Tunes / Merrie Melodies
  • Harman-Ising Merrie Melodies
  • Fleischer Studios / Famous Studios Popeye
  • Hanna-Barbera Productions
Com tudo isto vieram Popeye, Droopy, Tom & Jerry, Looney Tunes, e claro... mais tarde Scooby-Doo, The Real Adventures of Jonny Quest, Cartoon Planet, SWAT Kats: The Radical Squadron e 2 Stupid Dogs.

A primeira série inteiramente produzida por este canal foi Space Ghost Coast to Coast. Depois disto Dexter's Laboratory foi um sucesso, e a CN apresentou ainda ao seu público Johnny Bravo, Cow and Chicken e as Powerpuff Girls.
Mais tarde com a fusão na Time Warner surgiu Justice League.

Hoje temos um bom pacote deste canal que apresenta ao seu público Tower Prep, Green Lantern, Dragons: Riders of Berk, The Amazing World of Gumball, Total Drama: Revenge of the Island, ThunderCats, Ninjago: Masters of Spinjitzu e Ben 10: Omniverse!
E a Goody prepara-se para publicar em Portugal e em português a revista deste popular canal!

Tenho de fazer uma vénia à Goody pela "teimosia" em publicar para crianças e jovens mais novos. A sério. É difícil num país como o nosso ter coragem para enfrentar o alheamento e o desinteresse por tudo o que não seja de rápido consumo e de preferência sem muito trabalho. Por norma é isso que os pais compram para os filhos para os manter quietos e calados da maneira mais fácil. Qualquer coisa que seja apresentada numa plataforma que dê um pouco mais de trabalho não serve... (desculpem o desabafo).

Passemos à revista. Fiquem com a apresentação desta por parte da Goody, e algumas imagens:


A REVISTA OFICIAL CARTOON NETWORK CHEGOU A PORTUGAL




A Goody lançou este mês a Revista Oficial Cartoon Network.

A revista das séries mais divertidas do canal, totalmente dedicada ao público jovem entre os 4 e os 10 anos, traz todas as novidades, entrevistas às personagens, histórias super divertidas, actividades e desafios incríveis. Inclui também um jogo de tabuleiro, um poster e um brinde diferente todos os meses.

Hora de Aventuras, O Incrível Mundo de Gumball ou Regular Show, são algumas das séries de referência nesta edição de lançamento.

Com a periodicidade mensal, tem um total de 32 páginas, o formato de 21 cm x 28 cm e é lançada com uma tiragem inicial de 15.000 exemplares com o preço de capa de 4,90€.

A campanha de comunicação inclui spot de TV no Cartoon Network, o canal que duplicou nos últimos doze meses o share no segmento infanto-juvenil.



























Parabéns à Goody por mais este seu produto!
:)

Boas leituras

Lançamento Levoir: Colecção Novela Gráfica - Em Busca de Peter Pan

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Mais um livro que eu não conheço, e que tanto possui reconhecimento crítico como reconhecimento comercial. Cosey é um autor que já foi referido aqui no LBD relativamente à série de Derib, Buddy Longway.

Fiquem com o texto de apresentação da editora e algumas páginas do livro:

EM BUSCA DE PETER PAN - Cosey

Sir Melvin Woodworth, um escritor inglês, parte para os Alpes em busca de inspiração para o seu novo romance, e também das memórias do seu irmão Dragan, um pianista desaparecido naquelas montanhas anos antes. Mas, no cenário imponente dos Alpes suíços, por entre contrabandistas, misteriosas personagens que assombram as aldeias abandonadas e a sombra de uma catástrofe à beira de acontecer, Melvin vai fazer uma descoberta que vai afectar de forma profunda a sua vida. Uma viagem ao passado, pontuada por citações do Peter Pan de James M. Barrie, em que a paisagem da montanha, que Cosey retrata como ninguém, se assume como uma personagem de pleno direito.

Nascido em 1950, perto de Lausanne, na Suíça, Bernard Cosandey, que os leitores conhecem como Cosey, é um dos grandes nomes da BD franco-belga, e estreou-se na banda desenhada no início dos anos 70, pela mão do seu compatriota Derib, o criador de Yakary eBuddy Longway.

Neste livro, Cosey troca temporariamente as montanhas do Tibete onde decorrem as aventuras de Jonathan, pelos Alpes suíços, que se revelam o cenário ideal desta aventura de grande poesia e sensibilidade. Livro pioneiro, um dos primeiros no mercado franco-belga que foi pensado como uma história completa, fechada, em dois volumes - o que foi confirmado com o lançamento da versão integral pouco depois da saída da segunda parte desta história - que permitiu ao seu autor fugir ao limite das 48 páginas do álbum tradicional, Em Busca de Peter Pan, representa um decisivo passo em frente no percurso de Cosey como criador.


Como o próprio refere, Em Busca de Peter Pan foi “o meu primeiro one-shot, feito por volta de 1985, para a colecção Histoires et Légendes da Lombard. Na altura, estava profundamente empenhado na série Jonathan, que conhecia grande sucesso. Os álbuns vendiam-se cada vez mais, mas sentia vontade de sair por algum tempo daquela rotina. Há muito tempo que queria fazer uma história que se passasse nos Alpes valesianos, que conheço muito bem. O meu editor estava um pouco receoso e disse-me: o Tibete pode interessar a muita gente. Mas uma história nos Alpes valesianos, só vai interessar a uns poucos suíços… Mas na editora perceberam que eu tinha necessidade dessa mudança, embora não estivessem à espera que o livro vendesse tão bem, ou até melhor, do que o Jonathan. E sobretudo, Em Busca de Peter Pané um livro que teve, e tem, uma longa vida.”

Publicado inicialmente em dois volumes, Em Busca de Peter Pan juntou o sucesso comercial ao reconhecimento crítico, traduzido no Prémio do Público na Convention de la Bande Dessinée de Paris, em 1984 e no Grand Prix da cidade de Sierre em 1985. Mais tarde o livro foi publicado num único volume e integrado na colecção Signé, a linha de prestígio da Lombard, E, confirmando essa longa vida que é a marca dos clássicos, Em Busca de Peter Pan chega finalmente a Portugal, dando a conhecer aos leitores nacionais, tanto aos que sonharam ao lado de Jonathan, como os que estão agora a descobrir o trabalho de Cosey pela primeira vez, a obra mais emblemática do autor suíço e a sua primeira novela gráfica.

"É possível fazer em banda desenhada coisas que têm um valor igual ao de um grande romance, como as que fez Cosey, que consegue exprimir sentimentos de profundidade e delicadeza semelhantes aos que se encontram na melhor literatura."
- Franquin, criador de Spirou, Gaston LagaffeeMarsupilami






















































Em Busca de Peter Pan - de Cosey
Formato: 23 x 30cm, 
Capa dura,
140 páginas a cores.


Boas leituras

XI Festival Internacional de BD de Beja (FIBDB): Apresentação

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O excelente festival de Banda Desenhada de Beja arranca já no final do mês de Maio.
Olhando rapidamente para o programa percebe-se que desta vez os Comics infelizmente não ficaram representados e os artistas internacionais dividem-se entre brasileiros e europeus.
Os portugueses, claro, estão sempre representados em bom número... :)
A Polónia em Vinhetas

Olhando para os autores internacionais os três mais interessantes dentro dos meus conhecimentos são Ted Benoit , Spacca e para mim "aquele que gosto mais de todos": Yslaire!
Então vamos lá à informação fornecida pela organização do meu festival de BD preferido em Portugal:

XI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA
DE BEJA

Entre os dias 29 de Maio e 14 de Junho, Beja volta a ser o palco de uma grande Festa em torno da banda desenhada!

Exposições, autógrafos, apresentação de projectos, lançamento de livros, workshops, concertos desenhados, cinema e várias conversas à volta da BD… São muitos os motivos para marcar presença!

O Festival terá também à disposição dos visitantes o Mercado do Livro (a maior livraria do país durante esse período) e o Mercado Geek (um amplo espaço comercial com várias tendas instaladas - venda de action figures, arte original, jogos, posters, prints, etc.).

O primeiro fim-de-semana (29, 30 e 31 de Maio) contará com a presença de autores de todo o Mundo! E com a programação paralela a acabar às 4h30 da manhã! Um Festival sem sono que atrai milhares de visitantes todos os anos…

O Festival inaugura sexta-feira, dia 29, às 21h00, na Casa da Cultura. Pode ser acompanhado em www.facebook.com/bedetecabeja

Altar Mutante


AS EXPOSIÇÕES

CASA DA CULTURA

A POLÓNIA EM VINHETAS– Polónia
ALTAR MUTANTE– Espanha
ANDRÉ PACHECO– Portugal
ANDRÉ PEREIRA– Portugal
IMPROVISOS NA TOALHA DE MESA– Portugal
LUÍS LOURO– Portugal
MANUEL MORGADO– Portugal
MARCELLO QUINTANILHA – Brasil
O ESPIRRO DO DRAGÃO– Portugal
SPACCA – Brasil
STANISLAS– França
TED BENOIT– França
VOLTA: O SEGREDO DO VALE DAS SOMBRAS– Portugal
YSLAIRE– Bélgica

MUSEU REGIONAL DE BEJA
CAFÉ ESPACIAL À QUINTA– Brasil

NÚCLEO EXPOSITIVO DO MUSEU REGIONAL DE BEJA – RUA DOS INFANTES
CARLOS BAPTISTA MENDES– Portugal

TEATRO MUNICIPAL PAX JULIA
TMNT PORTUGAL TRIBUTE– Portugal

MOSTRA NA BEDETECA
André Pacheco
A VIAGEM DO ELEFANTE, DE JOÃO AMARAL, SOBRE O LIVRO DE JOSÉ SARAMAGO– Portugal



OS HORÁRIOS DO PRIMEIRO FIM-DE-SEMANA
NA CASA DA CULTURA

Dia 29, sexta-feira, das 21h00 às 4h30 da manhã
Abertura das Exposições
Mercado do Livro
Mercado Geek
Tasquinhas
Concertos Desenhados, a partir das 22h00
Cinema na Bedeteca

Dia 30, Sábado, das 10h00 às 4h30 da manhã
Exposições
Mercado do Livro
Mercado Geek
Tasquinhas
Apresentação de projectos e lançamento de livros
Conversas com autores
Workshops
Sessões de autógrafos
Concertos Desenhados, a partir das 22h00
Cinema na Bedeteca

Dia 31, Domingo, das 10h00 às 20h00
Exposições
André Pereira
Mercado do Livro
Mercado Geek
Tasquinhas
Apresentação de projectos
Conversas com autores
Workshops

Em breve, toda a Programação Paralela ao minuto!


ALGUNS DESTAQUES

TINTIN NA ROMÉNIA – CONVERSA COM DODO NITA
Sábado dia 30, na Bedeteca (Casa da Cultura). Dodo Nita, um dos maiores especialistas mundiais na obra de Hergé, à conversa com Pedro Mota.

PRÉMIO GERALDES LINO 2015 – ANDRÉ PACHECO
Sábado dia 30, na Bedeteca de Beja (Casa da Cultura). Depois de André Ferreira, em 2013, e José Smith Vargas, em 2014, é a vez de André Pacheco surpreender todos com o seu trabalho.

NOITES DE TERROR! – CINEMA A HORAS IMPRÓPRIAS
Sexta-feira dia 29 e Sábado dia 30, na Bedeteca (Casa da Cultura), das 3h00 às 4h30, com intervalo para cear.

MERCADO DO LIVRO / MERCADO GEEK / TENDA DO MODELISMO / TASQUINHAS



COMO VIR, ONDE COMER E ONDE FICAR

Improvisos na Toalha de Mesa
INAUGURAÇÃO
O Festival inaugura dia 29, sexta-feira, às 21h00, na Casa da Cultura.
Como costuma acontecer, o primeiro fim-de-semana (de 29 de Maio, sexta, a 31 de Maio, domingo) reúne todos os autores das exposições e uma vasta programação paralela.

ONDE ALMOÇAR E JANTAR, NOS DIAS 29, 30 E 31?
Para almoçar a e jantar basta aparecer nas Tasquinhas da BD, situadas junto à entrada da Casa da Cultura. As Tasquinhas estarão abertas no dia 29, sexta-feira, a partir das 21h00, e nos dias 30 e 31, a partir das 12h00. Servirão comida típica e vegetariana e também alguns petiscos. Encerram às 3h00 da manhã, nos dias 29 e 30.

ONDE FICAR?
O Parque de Campismo da Câmara Municipal de Beja será gratuito (basta informar o Festival através do 969 660 234). Haverá ainda muitos quartos disponíveis em várias hospedarias, hotéis e pousadas:

Hospedarias
Hospedaria D. Maria – 284 327 602
Hospedaria Rosa do Campo – 284 323 578
Luís Louro
Hospedaria Santa Maria – 284 326 454

Hostels
Hostel Frei Manuel do Cenáculo – 961934618
Hostel Pax Julia – 284 322 575

Hotéis
Hotel BejaParque – 284 310 500
Hotel Bejense – 284 311 570
Hotel Francis – 284 315 500
Hotel Melius – 284 313 080
Hotel Santa Bárbara – 284 312 280

Pousadas
Pousada da Juventude – 284 325 239
Pousada de S. Francisco – 284 313 580

Outros alojamentos
Jantar em Obras – 938228268

Nos arredores da cidade
Herdade dos Grous – 284 960 000
Herdade da Malhadinha Nova – 284 965 432
Herdade do Vau – 226 199 800
Hotel Rural Vila Galé Clube de Campo – 284 970 100
Monte da Corte Ligeira – 284 947 216
Monte da Diabrória – 284 998 177

Manuel Morgado
COMO VIR?
Para vir ao Festival todos os transportes são bons. Mas o ideal é vir de comboio ou de expresso.
Para os horários dos comboios ou dos expressos basta consultar os sites www.cp.pt ou www.rede-expressos.pt (a gare dos expressos fica mesmo ao pé da Casa da Cultura). Há vários horários à escolha. Há também um enorme Parque de Estacionamento, junto à Casa da Cultura, para quem quiser vir de automóvel.



Organização: Câmara Municipal de Beja / Bedeteca de Beja
Apoio: Turismo do Alentejo
Parcerias: Associação Para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Museu Regional de Beja / ZARCOS – Associação de Músicos de Beja / Cooperativa Cultural Alentejana / Clube de Modelismo da Escola Mário Beirão
Apoio à Divulgação: Correio da Manhã / Diário do Alentejo / Rádio Voz da Planície / Rádio Pax / CMTV / tvL / A Garagem / aCalopsia / Aldeagar / As Leituras do Pedro / associação de ideias / Bandas / bd / Beja & Arrabaldes / Central Comics / Divulgando Banda Desenhada / Kuentro / Leituras de BD / notas bedéfilas / Sr. Gajo





Marcello Quintanilha
O Espirro do Dragão (Aida Teixeira e Carlos Rocha)

























Spacca
Stanislas

























Ted Benoit
Yslaire

























Café Espacial à Quinta (Desenho de Fábio Lyra)
Carlos Baptista Mendes

























TMNT Portugal Tribute (Desenho de Jo Bonito)
A Viagem do Elefante (João Amaral)

























Volta - O Segredo do vale das Sombras



O Leituras de BD apoia o Festival Internacional de BD de Beja

Boas leituras

Spider-Woman de Milo Manara: A paródia completa por Frank Cho e Cª!

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O que é que a Spider-Woman, Milo Manara, Frank Cho, Darth Vader e Stan Lee têm em comum?
Todos fazem parte a mal ou a bem de uma das maiores paródias nos comics dos EUA!

E porquê?
Porque a capa original de Milo Manara, que nem sequer estava grande coisa para os standards deste desenhador provocou a fúria de uma parte da sociedade norte-americana devido à pose da personagem Spider-Woman.

Nem sequer vou aqui comentar essa celeuma que fez correr montes de tinta e que acabou com o cancelamento da dita capa.
Frank Cho sempre teve sentido de humor, e sempre gostou de desenhar as suas mulheres. Acabou por fazer um com a dita Spider-Woman na mesma posição em que Manara a colocou, mas ao jeito dele. Deu um pouco de confusão mas nada de especial.

É sabido que Frank Cho para desanuviar nos seus tempos livres em que não está a desenhar para ganhar dinheiro gosta de fazer sketchs cómicos para sua diversão, e coloca-os no seu blogue "Frank Cho's Apes and Babes".
Ora num deles resolveu brincar com a Spider-Gwen (seja lá isso o que for) desenhada por Robbi Rodriguez na pose "Milo Manara".

As reacções foram absurdas, inclusivamente com Robbi Rodrigues a ser muito muito áspero (para não dizer outra coisa) e o site feminista "The Mary Sue" a cair-lhe em cima à bruta.
A resposta não veio com palavras mas sim com novo sketch, desta vez com a Harley Quinn!

De seguida alguém importante no meio (não sei quem) resolveu dizer que depois disto ele se deveria retirar dos comics mainstream! Cho respondeu com a Wonder Woman...

Para além disto, outros desenhadores mostraram a seu apoio ao colega, como Liefeld e Campbell em palavras escritas, sendo que na minha opinião o mais equilibrado de todos foi Bill Sienkiewicz. Outros resolveram apanhar o comboio dos sketchs fazendo outras versões hilariantes como Stan Lee ou Darth Vader!

Apenas posso responder à pergunta "quando é que Cho vai parar?" dizendo, que só pára quando deixaram de o chatear (ou como ele diz numa capa, quando a internet explodir)! E tenho a certeza que Manara se deve estar a rebolar a rir em Itália... :D






















































Por favor, sentido de humor é preciso! E Frank Cho nos seus momentos livres pode desenhar os sketchs que quiser e bem lhe apetecer, são coisas particulares dele.
Divirtam-se!

Boas leituras

Capas WTF: Batman #133

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Esta magnífica capa ilustra a história Batwoman's Publicity Agent.
A revista foi publicada em 1960 de propósito para eu me rir hoje! :D
Foi desenhada por Sheldon Moldoff, que de resto é o desenhador de todas as histórias desta revista, escritas por Bill Finger.

As histórias são:
  • Crimes of the Kite Man
  • The Voyage of the S.S. Batman
  • Batwoman's Publicity Agent

Diversão garantida numa revista que numa única história consegue meter Batman, Bat-Hound, Batwoman e Bat-mite, para que os Bat-leitores possam mandar umas Bat-gargalhadas!




































Boas leituras

Comprimidos Azuis

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Uma história de amor poderosa.
Frederik Peeters escreveu e desenhou este romance gráfico, e autobiográfico, com uma positividade fora do comum, e foi uma pena que a Devir não tivesse deixado o subtítulo da versão em inglês “Blue Pills: A Positive Love Story”, isto embora o original também não tenha subtítulo e seja apenas “Pilules Bleues”. Penso que o subtítulo da edição em inglês identifica muito bem a obra.

Frederik Peeters nasceu em Genève, Suiça, no ano de 1974. Trabalhou como ilustrador para a imprensa Suíça, ganhando alguns prémios para “novos talentos”.
Em 1997 começou a colaborar com algumas revistas de BD, inclusivamente na Spirou.
O livro que o lançou para o sucesso foi mesmo este Comprimidos Azuis, publicado originalmente em 2001 pela editora Atrabile, ganhando pelo caminho alguns prémios.
A partir deste livro a sua carreira tornou-se visível e profícua!

Portugal nos últimos anos tem assistido à edição/publicação de muitos romances gráficos, felizmente. A Devir foi uma das editoras que deu o pontapé de saída neste género mais adulto com a sua linha “A Biblioteca de Alice” que já publicou títulos como Habibi , Blankets, Anne Frank, O Zen de Steve Jobs e mais recentemente a compilação em dois volumes da obra portuguesa A Pior Banda do Mundo.
Comprimidos Azuis insere-se neste selo da Devir sendo publicado em Portugal em Dezembro de 2012.

Uma rapariga atravessa-se por várias vezes na vida de Fred: Cati. Em alturas chave das suas vidas eles cruzam-se, falam e desaparecem. Até um dia.
Um dia Cati fica para sempre na vida de Fred. Mas com Cati vem também o filho dela e… a SIDA. Ambos, mãe e filho com essa doença perversa. Seropositivos.

E aqui começa verdadeiramente este livro. Uma história tocante de amor, em que o casal tenta superar todos os dias a sombra da doença. As páginas são muitas vezes poderosas, de um storytelling excepcional que agarra o leitor inconscientemente num preto e branco que dá ainda mais força emocional, aparentemente com um desenho descuidado para os olhos mais desatentos.

Os problemas de um casal em que mãe e filho são portadores de SIDA colocam à prova qualquer relação diariamente. Fred faz um registo, tipo diário gráfico, dos momentos principais, os mais fracturantes, das dúvidas mais viscerais que atravessam a sua mente e acaba por abrir o seu coração ao leitor.

E quando o autor de uma obra autobiográfica abre o seu coração ao leitor, e consegue passar as suas emoções e sentimentos a esse mesmo leitor, então o objectivo é inteiramente atingido passando o leitor a amar e a sofrer com o autor, neste caso não só com a força do texto mas também com um grafismo cheio de metáforas visuais.

Várias relações na vida de Fred são retratadas, todas elas muito importantes na sua vida. A relação de Fred com Cati, Fred com o filho de Cati (Lobinho) e Fred com o médico. Este é o triângulo emocional em que o autor anda em cima do fio da navalha, umas vezes imerso em dúvidas, outras em profundo amor, desespero, medo… enfim… não é fácil, mas o positivismo de Fred relativamente a esta relação consegue tudo, até a felicidade.

O livro tem como narrador o próprio autor (claro), onde ele expõe os seus pensamentos, muitas vezes impregnados de filosofia ligeira, que ao contrário de maçar o leitor, acabam por mergulhar o dito leitor no caldo de ideias de Fred. Este apresenta-nos visões e ângulos diferentes sobre problemas pouco experimentados (embora muito falados) pelo comum dos mortais. Ideias interessantes fluem narrativamente, mas penso que o capítulo do mamute era escusado. Embora perceba o porquê da sua inclusão, acaba por quebrar o ritmo de toda a narrativa na minha opinião.

Um tema ainda hoje considerado taboo em muitos sectores da sociedade, de uma doença completamente desconhecida na sua crua realidade para a esmagadora maioria das pessoas.




Comprimidos Azuisé um livro que recomendo, por todas as razões e mais algumas.

Boas leituras

Hardcover
Criado por Frederik Peeters
Editado em 2012 pela Devir

Lançamento Devir: Naruto #10

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Naruto é uma popular série Manga shonen escrita e desenhada por Masashi Kishimoto.
Iniciou a sua publicação no Japão em 1999, sendo terminada no final do ano passado (Novembro, 2014), vendendo àquela data cerca de 200 milhões de cópias, o que faz deste Manga o terceiro mais vendido de sempre.

A Devir Portugal iniciou a publicação de Naruto em 2013. É uma tarefa ambiciosa, visto que a série contém 72 volumes! Não têm havido atropelos com a edição da série e a Devir pretende cimentar a imagem de que está forte no Manga. Para isso contribuiu a publicação de Death Note completa e uma boa cadência de publicação, tanto em Blue Exorcist como em Naruto.
Para já está aí o décimo volume de Naruto acessível para todos os fãs portugueses da série.




NARUTO VOL. 10
UM NINJA FORMIDÁVEL
MASASHI KISHIMOTO

A apenas dois combates do final das pré-eliminatórias da terceira fase do Exame Chunin, o muito aguardado confronto entre o misterioso Gaara, ninja da Aldeia Oculta da Areia, e o determinado e íntegro Rock Lee, ninja da Aldeia da Folha, está prestes a começar.

Irá Rock Lee sucumbir à sede de sangue e aos estranhos poderes de manipulação de areia do seu adversário? Ou conseguirá provar que a dedicação e a sua espantosa capacidade de trabalho são suficientes para vir a ser um ninja formidável?

180 páginas a preto
FORMATO: 126x190 mm
ISBN: 978-989-559-260-9
EAN: 9789895592609
PREÇO: € 9,99 PVR
EDIÇÕES DEVIR

Boas leituras

2ª Mostra do Clube Tex Portugal

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O Museu do Vinho Bairrada situado em Anadia vai ser palco da 2ª Mostra do Clube Tex Portugal. Estarão presentes dois autores que trabalham nesta personagem, o que eu considero uma grande vitória para este Clube Tex, na pessoa do seu infatigável mentor: José Carlos Francisco. Os autores são Stefano Biglia e Pasquale Frisenda.

Passemos então ao programa:

PROGRAMA OFICIAL da 2ª Mostra do Clube Tex Portugal

Data: 9 de Maio (sábado) e 10 de Maio (Domingo)

Horário: 11h00 – 19h00 horas

Local: Museu do Vinho Bairrada – ANADIA

Entrada: GRATUITA (com direito a entrada gratuita na Exposição Permanente, designada por Percursos do Vinho e exposta ao longo de seis salas temáticas, com peças de valor arqueológico, etnográfico e técnico, reunidas com a colaboração de diversos vitivinicultores, entidades locais e nacionais. Entrada gratuita também para outras duas exposições temporárias relacionadas com a fotografia:
“A arte da tanoaria – os últimos”, de José Fangueiro
"Bairrada, a musa do espumante”, de Pedro Nóbrega

Tema: Esta segunda Mostra do Clube Tex Portugal tem como ponto alto a presença de dois dos mais consagrados desenhadores italianos de banda desenhada: Pasquale Frisenda e Stefano Biglia que vêm expor trabalhos de sua autoria relacionados a Tex:

Stefano Biglia e Bad Hand - Uma dezena de pranchas do autor, selecionados pelo próprio, pretendem dar, aos visitantes da 2ª Mostra do Clube Tex Portugal, uma visão geral acerca da colaboração mais recente deste consagrado desenhador italiano para com a Sergio Bonelli Editore. Poderemos assim ver expostas, em antestreia mundial, pranchas da história (Bad Hand é o seu título provisório) ainda em produção e com lançamento previsto apenas para o Verão de 2016.

Pasquale Frisenda e o Tex Gigante “Patagónia”– Uma dezena de pranchas do autor, selecionados também pelo próprio, pretendem dar a conhecer, aos visitantes, no seu formato original, algumas da mais belas páginas de uma das mais épicas histórias de Tex e que complementam o lançamento desta obra em Portugal: Patagónia, através do selo da Polvo Editora.






Programa Oficial
Sábado, 9 de Maio

14:30 horas – Inauguração Oficial da 2ª Mostra do Clube Tex Portugal (Auditório).
15:00 horas – Visita guiada por Pasquale Frisenda e Stefano Biglia às suas Exposições.
16:00 / 17:00 horas – Sessão de autógrafos com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia.
17:00 / 18:00 horas – Conferência Tex em Portugal, no Brasil e na Itália, com a participação de Pasquale Frisenda, Stefano Biglia, Dorival Vitor Lopes e Carlos Moreira, sob a moderação de Pedro Cleto (Auditório)
18:15 / 19:00 horas – Desenho ao vivo com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia
20:00 horas – Jantar/Tertúlia com a participação de Pasquale Frisenda e Stefano Biglia (Restaurante “Nova Casa dos Leitões”)





Domingo, 10 de Maio

11:00 / 12:00 horas – Aula desenho Tex com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia. A partir dos 12 anos. Inscrições livres.
12:00 / 12:30 horas – Sessão de autógrafos com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia
14:30 / 15:00 horas – Workshop com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia, moderado por João Miguel Lameiras (Auditório)
15:15 / 16:00 horas – Desenho ao vivo com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia.
16:00 / 16:30 horas – Sessão de autógrafos com Pasquale Frisenda e Stefano Biglia
16:45 / 18:00 horas – Sessão Cinema e BD: Como Tex ninguém jamais (no original: Come Tex nessuno mai), documentário (legendado em português) de Giancarlo Soldi. Com Sergio Bonelli. (Auditório)
18:00 / 18:30 horas – Sessão de autógrafos com Stefano Biglia.
18:30 horas – Festa de Encerramento.

Pasquale Frisenda
A ambição em seguir uma carreira como desenhador de banda desenhada esteve sempre presente, mas os passos dados para concretizar este desejo foram por vezes incertos e até casuais. As palavras são do próprio Pasquale Frisenda, milanês de 1970, e são reveladoras de um autor que chega à banda desenhada muito por vocação, mas também guiado pelo destino. E quis este que Frisenda frequentasse um curso de banda desenhada e ilustração de Castelo Sforzesco em Milão. Uma experiência que lhe permitiu contactar com outros nomes do meio e trocar experiências. Graças ao contacto mantido com o Studio Comix de Carlo Ambrosini e Giampiero Casertano, Frisenda começa a colaborar com a revista Cyborg e o seu primeiro trabalho é Tenebra, história que vai desenhar com texto de Michele Masiero. 

O grande salto chega com a entrada na equipa de desenhadores de Ken Parker, chegando à Sergio Bonelli Editore quando esta série é adquirida pela editora. Aqui desenhará Mágico Vento, estreando-se com a aventura La Bestia, escrita por Gianfranco Manfredi e a partir do número 32 vai herdar a composição das capas das mãos de Andrea Venturi, desenhando-as até ao número 75 da série. Depois de expressar a Sergio Bonelli a sua vontade em mudar de registo e de personagem, desejando confrontar-se com outras atmosferas, Frisenda é convidado a desenhar um Tex Gigante, uma ocasião que, apesar de não permitir mudar de género, surgirá como uma oportunidade única e irrecusável para o autor, desenhando a aclamada aventura Patagonia, com argumento de Mauro Boselli. Desenha ainda uma curta aventura para Dylan Dog e passa para a série regular de Tex com a aventura Il Segreto del Giudice Bean, uma vez mais com argumento de Boselli,

Na banda desenhada Frisenda parece ter o western como constante na sua carreira. Apesar de tudo, Ken Parker, Mágico Vento e Tex são séries com variantes diferentes, mas curiosamente Frisenda não se considera como um desenhador do género ou como um autor capaz de representar o velho Oeste na sua real dimensão ou com a sua verdadeira capacidade. Frisenda considera-se mais um emotivo, um autor que ama o western, toda a sua atmosfera e todas as suas características, factos que o ajudam no seu trabalho.
Mas Tex é o herói por excelência, um monstro sagrado que acompanha Frisenda desde sempre. Quando começou a desenhar Tex em Patagonia, a maior dificuldade para Frisenda veio com a gestão da narração muito própria das aventuras do ranger, aspecto que vai sendo moldado com a ajuda fundamental de Boselli, mas sobretudo com o próprio carácter de Frisenda, desenhador capaz de se documentar tanto ou mais que um argumentista. Tendo encontrado o ritmo certo, Frisenda considera que Patagonia acaba por reflectir a visão que o desenhador tem da personagem, a excelência narrativa de Boselli e a paixão que Sergio Bonelli colocava no seu trabalho, como também se constata ao descortinar as páginas expostas neste evento de Anadia.

Stefano Biglia
Nasce em Génova, em 3 de Março de 1969 e a sua paixão pelo desenho leva-o, duas décadas mais tarde, a ingressar na Scuola Chiavarese del Fumetto. Aqui conhece Renzo Calegari, seu primeiro mestre, entrando para o seu estúdio em 1990. Com este autor realiza duas histórias de ambiente negro que serão publicadas no Ken Parker Magazine e diversas histórias de western e aventura, algumas
escritas por Gino D’Antonio, para Il Giornalino. Em 1994 entra para a Sergio Bonelli Editore, desenhando La ballata di Zeke Colter, uma aventura de Tex escrita por Claudio Nizzi, com esboços a lápis seus e de Luigi Copelo e a arte final de Renzo Calegari. Depois desta curta experiência com o ranger, Biglia ingressa na equipa de Nick Raider, desenhando três aventuras. Mais tarde, em 1999, torna-se desenhador de Mágico Vento com a aventura La maschera del dio cannibale, escrita por Gianfranco Manfredi, permanecendo na série até 2010, quando começa a desenhar para a mini série Shanghai Devil ainda de Manfredi. Entre os seus mais recentes trabalhos, destaque-se ainda Atlantide Experiment e Lost Atlantide para a editora francesa Soleil.

Após ter concluído a sua participação em Shanghai Devil, Biglia manifesta ao editor Mauro Boselli, a sua vontade em desenhar Tex, mas este, depois de reunido com Mauro Marcheselli vai informar o desenhador que a candidatura não tinha sido aceite. A conversa decorreu ao telefone, mas tratou-se apenas de uma brincadeira, já que quando Boselli disse a Biglia que não era mesmo possível ele desenhar Tex, fez-se silêncio do outro lado da linha, após o que veio a excelente novidade. Afinal, a candidatura de Biglia a Tex tinha sido aceite e dali a pouco tempo iria ser contactado para desenhar uma história curta escrita por Gianfranco Manfredi. L’ultimo della lista, que acabou por ser publicada em 2014 no Color Tex 4, marca assim o regresso de Biglia a Tex. Biglia já tinha trabalhado com Manfredi em Mágico Vento e Shanghai Devil, já havia um conhecimento do trabalho e do estilo do autor, na precisão e na descrição que empresta aos seus argumentos, simplificando deste modo a tarefa do desenhador. Biglia tem liberdade para construir e compõe um Tex magnífico e fisicamente imponente. Daí até à série regular do ranger foi um passo.

Curioso que o percurso de Biglia em Tex tem vindo a ser gradual, já que se tudo começou a três mãos com La ballata di Zeke Colter, posteriormente Biglia assume sozinho o desenho da curta aventura L’ultimo della lista, até finalmente chegar a uma aventura de maior fôlego, em três partes, escrita por Mauro Boselli, com o título provisório de Bad Hand, aventura criada a partir de uma sugestão de Sergio Bonelli, e centrada na histórica figura de Ranald Slidell MacKenzie, um general da cavalaria dos Estados Unidos, com muitas cenas de batalhas e guerras índias, com lançamento previsto para o Verão de 2016 e da qual temos o privilégio de expor uma dezena de páginas em ante-estreia mundial nesta 2ª Mostra do Clube Tex Portugal.



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