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Por favor desfrutem deste cartoon culturalmente etnicamente religiosamente e politicamente correcto, com responsabilidade. Obrigado |
O Paulo Costa escreveu ontem sobre esta temática, o massacre no Charlie Hebdo, que vitimou alguns dos melhores cartunistas mundiais em nome de uma fé.
Costuma-se esperar à volta de 24 horas para o próximo artigo de opinião, mas este assunto na minha óptica é premente. Assim, com autorização do Paulo, reduz-se o tempo a metade para também eu falar de Liberdade Criativa e Liberdade de Imprensa.
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Wolinski |
Quer queiramos quer não o massacre de cartunistas de ontem vai deixar mazelas. O ser Humano na sua generalidade tem anseios, medos e temores. Toda a gente os tem em maior ou menor grau. E o ser humano para responder a estes sentimentos tem algo chamado auto-preservação.
Esta auto-preservação vai fazer com que outros se “encolham” agora, pois agora o valor “Liberdade” afastou-se do seu companheiro “Segurança”. A liberdade de expressão levou um grande murro no estômago e, ou a civilização europeia dá uma resposta rápida e cabal e este problema ou a liberdade de expressão ficará com esta mazela reumática para sempre, e que irá doer sempre que faça frio.
O Charlie Hebdoé um jornal satírico. Em liberdade só compra quem quer! Quem não gostar do que lá se escreve ou se desenha tem bom remédio: não compra. E se ninguém comprar ele desaparece. É assim em liberdade.
Este jornal satirizava tudo, dá a ideia pelas notícias que correm que só satirizava Maomé! Isto não é verdade, eles satirizavam mais a família Le Pen (extrema-direita) que os árabes. Todos foram alvos dos artistas deste jornal: Deus, cristãos, judeus, patrões, extrema-direita, extrema esquerda, Governo, Presidentes de Estado enfim, tudo quanto é vulgar existir numa sociedade europeia.
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Wolinski |
Existem seres que se acham acima de sátira… são os mais fáceis de satirizar por isso mesmo. Para eles sátira é crime, e é punível com a morte. Enganaram-se com certeza na civilização onde vivem. E punindo com a morte à revelia de qualquer lei do país onde vivem, provocam o medo. E sim, tenho a certeza que muitos jornalistas agora irão pensar duas vezes antes de falar ou escrever sobre o Islão. Esta é a mais pura das verdades! O objectivo dos terroristas foi conseguido, a não ser que a sociedade francesa dê uma resposta brutal a este massacre (o que eu não acredito, somos tolerantes…)
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Wolinski |
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Charb |
Charbonnier (Charb) era um homem sem medo. O seu instinto de auto-preservação devia ser quase nulo, como confirma a sua frase:
“Je Préfère mourir debout que vivre à genoux”
(“ Eu prefiro morrer de pé que viver de joelhos”)
E isto diz tudo sobre a filosofia que presidia aos criativos deste jornal:
Charb (Stéphane Charbonnier), Tignous (Bernard Verlhac), Cabu (Jean Cabut), George Wolinski e Philippe Honoré.
Uma amiga, a Madalena Vidal, escreveu isto que eu subscrevo a 100%:
"Dizer que "a França colheu o que plantou" neste caso é a mesma coisa que dizer, por exemplo, que uma mulher de mini-saia está a pedir para ser violada ou que um miúdo de óculos está a pedir para levar uma tareia na escola. A culpa NUNCA é da vítima, é SEMPRE do agressor. Vejam lá se metem isto na cabeça de uma vez por todas!"
Para os que acham que estes homens livres, castigados neste massacre, se "puseram a jeito" só posso dizer que merecem o meu vómito, e que não merecem viver nesta sociedade.
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Charb |
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Tignous |
E já agora fiquem com um excerto do artigo de Miguel Esteves Cardoso para o jornal Público sobre este assunto:
"Não se percebe a gabarolice dos estúpidos assassinos quando gritaram "Matámos a Charlie Hebdo".
Não se pode matar a Charlie Hebdo. Não se pode matar a valente e hilariante revista que goza com tudo e com todos desde os tempos em que se chamava Hara-Kiri. Muitos poderosos tentaram censurar os satíricos da Charlie Hebdo. Nunca conseguiram. Nunca conseguirão.
O que se pode matar é a liberdade de expressão."(Clicar aqui para continuar a ler o artigo)
Cabu, Charb, Tignous e Wolinski |
Fiquem com alguns cartoons criados por vários artistas em homenagem aos criativos do jornal Charlie Hebdo:
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David Pope |
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Magnus Shaw |
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Loïc Sécheresse |
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Neelabh Banerjee |
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Nate Beeler |
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Carlos Latuff |
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JM:o |
Este atentado foi diferente de todos os outros até aqui. Tinham sido sempre contra alvos indiscriminados e em que os perpetradores desses mesmo atentados se suicidavam levando consigo o máximo de gente possível.
Este massacre foi uma execução, teve um alvo definido e os assassinos fugiram, não se suicidaram. O alvo foram desenhadores. O alvo foi a nossa liberdade, e dentro desta duas das mais importantes e mais queridas dentro da nossa sociedade: a Liberdade de Expressão e a Liberdade Artística.
Boas leituras