Presumo que já muitos começaram a ver Gotham, afinal é mais uma série baseada em comics e por norma a DC costuma sempre apresentar material de qualidade no (já não tão) pequeno ecrã. Por cá ainda não estreou, mas a FOX já anuncia, e por isso tem que se recorrer a outros meios para podermos ver se isto está a ser algo de jeito ou não. Segue então a minha opinião depois de já ter visto alguns episódios, pouco ainda para poder avaliar a série no geral mas o suficiente para ter uma ideia do que nos espera.
No dia 5 de Maio de 2014 a FOX deu luz verde para a série que estreou a 22 de Setembro, um programa que se iria basear no universo de Batman mesmo que o herói não fosse ser o protagonista da história, mas sim a origem de muitas das personagens que conhecemos mas que podemos assim ver um olhar diferente mais focado no início de alguns aliados e inimigos do morcego, centrando o núcleo de personagens num jovem detective Gordon e o seu começo na polícia de Gotham.
Bruno Heller começou a desenvolver a história e começaram então a surgir os nomes de quem iria fazer parte do elenco, e como em todas as produções de comics começaram as primeiras manifestações de fãs em relação a algumas das escolhas, nomeadamente do actor que iria interpretar James Gordon,Ben McKenzie, o antigo Ryan da série juvenil O.C. ou também conhecido de alguns do policial Southland. Infelizmente (e pelos primeiros 4 episódios) o receio veio-se a justificar, já que é de longe o calcanhar de aquiles deste programa. Ele não é um péssimo actor, mas tem uma falta de variedade de expressões faciais que estragam muito o seu desempenho, e pior, a forma como a cena deveria decorrer e por isso estragando um pouco a mesma apesar do bom trabalho dos companheiros.
Por vezes usa uma voz muito "Batman Bale", ou seja uma voz grossa e agressiva, que nem sempre se coaduna com o que se quer transmitir no texto, mas pode ser já também alguma da embirração que ganhei para com ele.
É até agora a única escolha que não me tem agradado, tudo o resto tem feito um trabalho aceitável ou bastante agradável, com o destaque pela positiva a pertencer sem dúvida a Robin Lord Taylor como Pinguim, que tem sido sem dúvida a personagem que se destaca junto do público e que tem tido a preferência deste.
Já sabia que como isto se ia focar nos vilões, que fossem aparecer alguns logo no começo mas os autores exageraram um pouco e despejaram um camião de personagens logo no episódio piloto. Quem vê esse episódio não pode deixar de perceber a intenção deles de "olhem olhem, conhecem este nome? Pertence à BD do Batman, vá fiquem a ver isto que vão aparecer mais".
A cada x minuto aparecia alguém, ou algo, que sabemos que pertence àquele universo e que ficámos assim curiosos para ver como eles seriam apresentados nesta série. Ao mesmo tempo sabia a pouco aquelas aparições de duas ou três falas, que desapareciam logo de seguida e não sabíamos quando os veríamos de novo.
Em todo o caso isso até se aguenta bem, e volta-se para o segundo que é bastante melhor e dá-nos logo outro ânimo para ver os outros logo de seguida. Aliás isso comprovou-se quando a estação decidiu encomendar mais episódios, passando esta primeira temporada de 16 para 22 episódios. Esperemos que isso ajude a desenvolver mais a história e menos a encher chouriços.
Até agora vimos o jovem rapaz Bruce Wayne (David Mazouz), que viu os seus pais serem mortos por um misterioso ladrão enquanto que uma jovem Selina "Cat"(Camren Bicondova) observava de perto, escondida nas sombras. Esta aliás tem tido algum destaque nestes primeiros episódios, uma jovem cheia de garra e que gosta de arriscar, agindo sempre de uma forma muito atlética e elegante.
Seria então o primeiro caso da dupla James Gordon e Harvey Bullock (Donal Logue), dupla essa que tem apresentado de uma forma aceitável a tensão entre duas personalidades distintas como são o honesto Gordon e o corrupto e amoral Bullock. Isso levou a alguns problemas com uma das maiores criminosas da cidade, Fish Mooney (Jada Pinkett Smith), que tem sido uma vilã algo anos 80, com o exagero típico dessa altura e a vontade de eliminar o criminoso acima dela, o mafioso Carmine Falcone (John Doman).
Esta vilã foi a primeira criação original para a série, e até agora aquela que não foi baseada nos livros e que tem tido bastante destaque. Ela ajudou a dar alguma profundidade a Oswald "Penguim" Cobletpott que foi bastante maltratado como subalterno dela até conseguir escapar de uma forma bastante atribulada.
O mordomo da família Wayne tem tido uma presença mais agressiva do que muitos de nós estão habituados, Alfred Pennyworth (Sean Pertwee) mostra-se bastante preocupado com algumas atitudes do jovem Bruce que após a morte dos pais tem reagido de uma forma bastante peculiar, o que o faz perder a cabeça e gritar com ele algumas vezes, e procurando a ajuda de Gordon que tem tido um papel apaziguador junto do rapaz.
Fiquei surpreendido por terem introduzido já na história a detective Montoya (Victoria Cartagena) que faz parte de uma unidade de crimes especiais com o seu parceiro, Crispus Allen (Andrew Stewart-Jones) e mostrou já ter tido uma relação lésbica com a noiva de Gordon, Bárbara (Erin Richards), uma personagem que não me tem apaixonado muito.
Uma das maiores surpresas foi ver o conhecido actor cómico Richard Kind como o Mayor Aubrey James, tem sido uma actuação sóbria e apresentado um outro tipo de realidade que fazia falta no meio de tanto exagero que povoa alguns episódios.
É daquelas coisas que parecem que vão ficar mal, mas que até acabam por correr bem, a série tem apresentado muitas cenas como se estas tivessem sido escritas para a BD, o que pode parecer um pouco estranho na TV mas tem funcionado bem e por vezes dá um ar kitsch à coisa.
Ainda pudemos ver uma jovem rapariga chamada Ivy (que nos faz perceber que pode ser a Poison Ivy), um chefe da máfia de uma família rival chamado Maroni, um jovem belo e elegante chamado Harvey Dent que trabalha como procurador assistente ou aquele cameo estranho mas apelativo que foi o de Edward Nygma (Cory Michael Smith) que é um membro da equipa forense e gosta de apresentar as suas informações em forma de enigmas.
A capitã Sarah Jessen (Zabrina Guevara) termina este rol de personagens principais, que ainda promete muitas mais o que nos deixa ao mesmo tempo entusiasmados e receosos, que não saibam depois colocar tantas personagens juntas e todas terem algum tempo de destaque.
Vamos aos aspectos positivos e negativos:
Positivos -
O ambiente todo da cidade, relembra muito a Gotham de Burton, é apresentada de uma forma clássica, sombria e gótica mas sabe-se que está em tempos muito modernos apesar de esperarmos a qualquer instante que apareça uma jovem criança a vender jornais na esquina.
Bullock e Pinguim, ambos roubam todas as cenas em que aparecem e são sem sombra de dúvida o destaque da série, bons actores e que capitalizam ao máximo o texto que lhes é dado.
Negativos -
Detective Gordon, um exageradamente honesto policia que tem uma falta de expressões faciais atroz que nos impede descobrir se ele está a sofrer, triste, contente, preocupado ou aquilo que a cena pede de momento.
Excesso de personagens, isso não é problema se for dedicado cada episódio apenas a algumas delas, o problema é quando tentam que todas apareçam em todos os episódios. Isso tem sido um pouco corrigido e espero que assim continue.
Em última instância é uma série que devem seguir, está a prometer bastante e é uma daquelas que agrada todos os fãs da personagem porque apresenta vários elementos da rica história deste herói.
A FOX Portuguesa devia começar a transmitir isto rapidamente, devia receber o tratamento de outras séries e dar logo na semana a seguir ou assim, de modo a captar e conquistar um público que anda ávido de programas deste tipo. E este tem todo o potencial para se tornar uma série do agrado de todos, a sua nota no conhecido Rotten Tomatoes comprova isso, já que apresenta um 90% sólido em muitas reviews positivas.
E é sempre divertido ver os easter eggs que apresentam em cada episódios, aqueles pequenos pormenores que passam despercebidos a muito do público mas é do agrado dos fãs de comics em geral.